terça-feira, abril 27, 2010

didaticaaaaa

GLOBALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE

O Currículo Integrado

Jurjo Torres Santomé



CAPÍTULO I



AS ORIGENS DA MODALIDADE DE CURRÍCULO INTEGRADO





Entre os últimos conceitos incorporados ao vocabulário do corpo do¬cente na Espanha, encontra-se o de “currículo transversal”. Aparece no Projeto Curricular Básico (PCB), e as pessoas não iniciadas nestas questões podem considerá-lo realmente novo. Até pouco tempo, porém, outros vocábulos traduziam filosofias bastante semelhantes. Termos como “interdisciplinaridade”, “educação global”, “centros de interesse”, “metodologia de projetos”, “globalização” (vocábulo que aparece tanto no PCB como na LOGSE — Lei Orgânica de Ordenação Geral do Sistema Educacional), foram seus predecessores.

Ao longo deste século a terminologia aparece, desaparece e reaparece com certa freqüência. Pode-se pensar que no fundo trata-se apenas do mesmo e eterno problema, que ainda não foi resolvido definitivamente: o da relevância do conhecimento escolar. Nas análises efetuadas a partir do final do século passado e durante todo o século XX, sobre o significado dos processos de escolarização e, conseqüentemente, sobre os conteúdos culturais que se manejam nos centros de ensino, chama poderosamente a atenção a denúncia sistemática do distanciamento existente entre a realidade e as instituições escolares. Como alternativa, torna-se a insistir na necessidade de que as questões sociais de vital importância, os problemas cotidianos, sejam contemplados no trabalho curricular nas salas de aula e escolas. E como estratégia para explicitar esta necessidade, utiliza-se um vocábulo que resume esta filosofia. Assim, no início deste século, aparecem os termos “método de projetos”, segundo William H. Kilpatrick, “centros de interesse”, segundo Ovide Decroly, “globalização”, etc.

Na hora de pesquisar o verdadeiro significado desta proposta, consi¬dero imprescindível reconstruir o que estava acontecendo em outras esferas sociais, especialmente no mundo da produção. Essa revisão pode nos fornecer informação suficientemente significativa para aprofundar estes conceitos e chegar a compreender seu verdadeiro alcance. Dessa maneira, não será necessário mudar freqüentemente de nome, devido à coisificação do conceito ou sua distorção ou manipulação. Compreender a filosofia de fundo também ajuda a julgar as propostas e práticas etiquetadas com tais termos.

Não devemos esquecer que muitas vezes, para estar na moda ou cum¬prir a legalidade, muda-se apenas a aparência das propostas; no fundo, porém, continua se fazendo a mesma coisa. A rica filosofia de conceitos como os que estamos mencionando pode acabar em mera rotina, em pro¬postas técnicas, completamente alheias aos problemas que serviram de estímulo para sua formulação.



 

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